terça-feira, 31 de maio de 2016

Ensino Fundamental e Tradicional

            Apesar de ser uma escola religiosa e com práticas de ensino tradicionais, tenho recordações de algumas atividades interdisciplinares executadas no ensino fundamental. Como por exemplo, as aulas de campo e a feira de ciências integrada com diversas disciplinas e com a comunidade. No entanto, majoritariamente, as premissas da teoria comportamentalista, baseada no ensino tradicional, moldavam o processo de ensino-aprendizagem, nas quais os alunos apenas recebiam as informações jogadas pelo professor e as decorava para fazer a prova. Lembro que em todas as salas de aula, a partir do ensino fundamental, existia uma parte na frente da sala superior a área onde ficavam as carteiras dos alunos, destacando o professor como o “dono” da sala de aula.

            A questão da autoridade e imposição de medo nos alunos também era perceptível dentro e fora da sala de aula. A foto abaixo expressa uma recordação negativa relacionada ao autoritarismo do professor, na qual eu estava chateada e chorando porque meu parceiro na quadrilha do São João tinha acabado de me chamar de feia e eu não queria mais participar da apresentação. No momento da foto eu tinha pedido a professora para chamar meus pais, mas ela disse que não ia chamar e eu tinha que participar da dança. Desde esse dia não quis mais participar das apresentações da escola, mesmo gostando sempre de participar (ver fotos de outras apresentações da escola das quais tenho várias lembranças boas).

Diante do exposto, noto o quanto as práticas associadas ao ensino tradicional podem trazer consequências no processo de escolarização dos estudantes e no desenvolvimento de um ser pensante e crítico. A postura vertical e hierarquizada, característica da educação diretiva, classifica o aluno como incapaz de buscar conhecimentos. O condicionamento operante acaba moldando o aluno, através da forma alienada de aprendizagem, com implicações negativas no seu processo de formação. Além disso, muitas práticas escolares utilizam recompensas e punições no processo educativo que não devem acontecer. 

#Chateadacomaprofessora


#Monaestavaemtodas
                                     
                                                          

         





“Tia, eu não vou fazer o trabalho com GordaLisa.”

         Durante alguns anos do meu ensino fundamental sofri muito bullying, mas sempre recebi o apoio dos professores, nutrindo relações permeadas pela afetividade. Os garotos da minha turma me chamavam de baleia assassina, gorda, Gordalisa (em vez de Monalisa), saco de batata, etc., e muitas vezes não queriam fazer nenhuma atividade comigo. No entanto, apesar da pressão psicológica, conseguia superar tais ações contra mim. Por trás dessa superação existiam atitudes positivas e estímulos de alguns professores e familiares, os quais me faziam enxergar que eu não era uma criança diferente ou menos inteligente do que as outras. Nesse contexto, eu sempre mantive relações de afetividade bastante intensas com meus professores, em especial, com a tia Nireide, um exemplo de educadora e companheira, que me ajudou nessa luta contra o bullying e marcou minha memória com boas práticas.

Desta forma, levando em consideração a teoria Humanista, consigo enxergar a importância da relação do professor com o aluno, uma relação pessoa x pessoa, na qual o professor tenta se colocar no lugar do aluno. Meus professores agiram corretamente ao criarem essa relação afetiva comigo. No entanto, esse princípio não deve ser o único adotado no processo de ensino e aprendizagem. Os alunos não devem fazer apenas o que querem e os professores não devem apenas aceita-los como são, deve ocorrer um estímulo e oportunidades para torna-los pessoas melhores, independentes e autônomas. Acredito que essas relações, tanto com o oprimido quanto com o opressor, ajudam na busca por um caminho do bem, na busca por um ser humano melhor do que já somos.   

 Após a ressignificação dessa memória, e olhando de forma dialética para o problema, percebi que o bullying sofrido na escola ajudou a fortalecer a relação professor X aluno na minha vida escolar. As relações afetivas com os professores proporcionaram uma adaptação positiva diante do problema e intensificaram o meu desejo em participar ativamente das atividades em sala de aula.

Alguns colegas e minha professora preferida (tia Nireide) em alguma apresentação da escola.  

                           Fotos da época em que eu sofri bastante bullying por ser gordinha (e porque minha mãe cortava meu cabelo igual ao de Chitãozinho e Chororó).


O ambiente escolar

          A escola não se resume em sala de aula, amigos e professores, existe um universo de interações sociais, brincadeiras e outros fatores que preenchem nossas memórias escolares. Quem aqui não tinha mania de colecionar algo?? Eu era a maníaca dos adesivos e papéis da carta, não podia ver ninguém vendendo que deixava de lanchar para alimentar meus vícios. Confesso que o vício nos adesivos permaneceu até a graduação, na verdade, acho que só mudou de nome, agora coleciono post it =)

           E as brincadeiras??? A minha preferida era pular elástico, quando o sinal tocava eu e minhas amigas corriam para lateral da Capela, pois o piso lá era bem lisinho e limpinho, assim podíamos ficar só com as meias nos pés. Nossa, a gente pulava muuuuito, antes de começar a aula, no intervalo e após as aulas. Além do elástico, lembro que minhas brincadeiras preferidas eram: amarelinha, pular corda, tica cola, queimada, adedonha (ou stop) e esconde-esconde. E não pensem que parava quando chegava em casa, depois da tarefa eu e meus irmãos ficávamos na rua brincando com os amigos vizinhos. Era muito bom morar em vila!!

        Tenho algumas memórias das músicas que ouvia na escola, mas a maioria eu só consegui lembrar apenas trechos.. As únicas músicas completas que lembro faziam parte do repertório cantado nos jogos escolares (JERN´s) e da hora do repouso após o recreio (educação infantil). Vamos lá, espero que vocês conhecem alguma dessas:

             "Cai chuvinha neste chão, cai chuvinha pra molhar a plantação.."

             "Meu lanchinho, meu lanchinho, vou comer, vou comer, pra ficar fortinho, pra ficar fortinho, e crescer, e crescer."

           " Mãezinha do céu, eu não sei rezar, eu só sei dizer, que eu quero te amar, azul é seu manto, branco é seu véu, mãezinha eu quero te ver lá no céu, mãezinha eu quero te ver lá no céu."

             "Comer comer, comer comer, é o melhor para poder crescer."

          "Passou, passou, passou um avião e nele tinha escrito que o SALÉ é campeão, maaaaass o avião caiu e o IMA surgiu, e o IMA vai ganhar, OBA OBA!"

            " Uma entre todas foi a escolhida, fostes tu Maria a serva preferida, mãe do teu Senhor, mãe do teu Salvador, Mariiiia, cheia de graça e consolo, venha caminhar com seu povo, nossa mãe sempre será."


          Uma boa lembrança foram as amizades com algumas pessoas que faziam parte do ambiente escolar. Como estudei toda a minha vida na mesma escola, tive a oportunidade de conviver com alguns funcionários durante toda minha formação. Lembro muito bem daqueles que permaneceram no Auxiliadora desde o maternal até o pré vestibular, como o seu Chiquinho e Tia Neuza. Ele era o moço que ficava no portão assegurando a saída de todas as crianças quando tocava o sino para irmos embora, e ela deixava nossas salas sempre limpinhas e organizadas. Tenho lembranças das inúmeras vezes que seu Chiquinho precisou ficar comigo e outros coleguinhas esperando pelos pais atrasados, sempre nos divertindo e bastante atento. Ou quando Tia Neuza me pegava no colo para eu alcançar o telefone do orelhão e ligar para minha mãe.. Sempre me ajudando!!!

          Além dos funcionários da escola, algumas pessoas que trabalhavam fora dela também estão presentes em minhas memórias escolares. Como eu poderia esquecer de seu Louro (aquele de quem roubei um pirulito!!) e dona Neném, os vendedores de bala e todas as baganas desejadas por todas as crianças na infância. Todo dia eu comprava uma balinha ou pirulito com eles, minha mãe dizia para comprarmos um dia com seu Louro, no outro com dona Neném, para ajudarmos os dois. Nos dias de chuva eu ficava bem triste pois a rua onde eles colocavam o carrinho de balas ficava alagada impossibilitando o trabalho deles na porta da escola. O tempo passou e já no ensino fundamental, acabei deixando os pirulitos e balas de lado para comprar pastel e refrigerante em seu Miranda. Seu Miranda é um fofo, todos os alunos tinham conta com ele, a gente pagava no final da semana ou quando pudesse, sem falar no pastel delicioso que ele fazia!!!

Meus vícios: adesivos, papel de carta e post it.






Minhas brincadeiras preferidas: amarelinha, pular elástico, pular corda e queimada.








                                 O carrinho mais desejado pela criançada: o carrinho de balas!!!

Minhas baganas preferidas!!!




Família: eixo central no processo de humanização da criança

     Muitos pais acreditam que o papel da escola é, exclusivamente, educar seus filhos, sendo essa a única função dessa instituição. No entanto, sabemos que o processo de humanização de uma criança tem a influência de diversas referências formativas, como, por exemplo, igreja, comunidade, professor, escola e família. Ao meu ver o eixo central nesse processo é a família, pois através do convívio intenso e diário, da profundidade das relações vividas, das oportunidades de troca de experiências e dos exemplos dados pelos nossos familiares obtivemos uma carga de conhecimentos, moral e ética que moldam nosso processo de formação. Nesse processo contínuo de formação, as outras instituições atuam como mediadoras na disseminação dos conhecimentos e na internalização das normas sociais.

        Na minha educação básica, e até hoje, a família foi a base do meu processo de formação. Meus pais e outros familiares sempre estiveram presentes e foram decisivos para o desenvolvimento de um ser humano consciente dos seus direitos e deveres, reflexivo para com a diversidade cultural e crítico diante das situações vividas. Esses ensinamentos sempre estiverem presentes em todas as confraternizações familiares, ou até mesmo na escola, já que a maioria dos meus primos também estudavam no Auxiliadora, então muitas vezes voltava para casa com meus tios e primos. 


     Uma situação marcante foi quando eu peguei um pirulito escondido na banquinha do Seu Louro, senhor que vendia bala na porta da escola, e mostrei a minha mãe ao entrar no carro. No mesmo instante, ela parou o carro, nós descemos e ela me fez devolver o pirulito e pedir desculpas na frente de todos. Nunca esqueci essa situação e minha mãe não precisou mais fazer isso comigo, a lição havia sido aprendida.


     Diante do exposto, reforço a necessidade de esclarecer para alguns pais que a formação das crianças não é um papel exclusivo dos professores, eles precisam perceber a família como eixo central nesse processo. Eu, como futura pedagoga e tia de três meninos, já faço minhas reflexões e tento agir de forma correta com as crianças ao meu redor, acreditando que elas serão capazes de transformar o amanhã e construir um mundo melhor.


         Eu (pagando calcinha) e meus quatro irmãos (Jr, Léo, Felipe e Mila).


                        Família (eu, minhã irmã e primos) em uma das festas de São João da escola.

           Meus pais e irmãos em uma das milhares de confraternizações familiares.

Tias educadoras e babonas.

Tia Mona com seu objeto de estudo Lucas (o sobrinho mais novo, 7 meses).

Tia Mona com seu objeto de estudo Enzo (o sobrinho do meio, 3 anos).



Quem nunca teve piolho que atire o primeiro escabin!!!!

          Infelizmente, durante a 3ª série do ensino fundamental, tive uma peste de piolhos. Lembro que minha mãe sempre teve muito cuidado e, geralmente, as professoras costumavam avisar aos pais quando alguma criança estava com piolho. Porém, dessa vez não teve saída, eu e minha irmã pegamos piolho na escola. Era muuuuuuito piolho!!! Minha mãe ficou desesperada, dando início a guerra contra os piolhos e lêndeas. Todo dia ela precisava lavar nosso cabelo com um sabonete fedorento (escabin) e tirar os piolhos, sempre antes e depois da aula. 
       Mesmo com todo cuidado da minha mãe, tivemos que cortar o cabelo bem curtinho para controlar a população de piolhos que moravam na nossa cabeça. Antes que a peste fosse controlado, em um belo dia na sala de aula um coleguinha, sentado atrás de mim, viu um piolho na minha blusa e começou a gritar: 

"PIOLHO! PIOLHO! TIA, TEM PIOLHO NA BLUSA DE MONALISA." 

       Alguns alunos começaram a gargalhar, outros gritavam de nojo e eu comecei a chorar. A professora rapidamente me tirou da sala de aula e entrou em contato com minha mãe. Essa experiência foi péssima para mim. Depois disso eu não quis voltar a escola, só queria que os piolhos fossem embora da minha cabeça.. Até hoje tenho agonia quando escuto a palavra piolho, não posso ouvir falar que já começo a coçar a cabeça, inclusive cocei várias vezes enquanto relembrava e escrevia essa postagem :(





Mona e Mila (minha irmã): as piolhentas!!!

          Uma situação engraçada que tenho na memória foi quando fiz minha 1ª Eucaristia, lembro que eu e outra aluna estava com catapora e não podíamos participar da cerimônia da Eucaristia, pois devíamos evitar o contato com os outros alunos. Assim, a coordenação resolveu fazer um evento separado para as duas doentinhas. Achei fotos dessa situação e resolvi mostrar aqui no blog.






domingo, 29 de maio de 2016

Pode me chamar de Mona..

Meu nome é Monalisa, mas todos me chamam de Mona. Tenho 32 anos, sou casada e não tenho filhos, apenas a gatinha Nina. Estudo na UFRN desde 2003, sou mestre em Ecologia e estou na metade do meu doutorado. Em 2016 iniciei a graduação em Pedagogia, um curso que sempre quis fazer mas nunca tive a oportunidade. Ninguém entende o por quê de iniciar uma nova graduação na metade de um doutorado, mas como explicar uma paixão? Não se explica..  Bem, estudei toda a minha vida na mesma escola, o Instituto Maria Auxiliadora, local onde passei bons momentos, fiz algumas amizades e aprendi muita coisa. Apesar de não lembrar de toda minha trajetória escolar, tenho poucas e boas memórias de alguns acontecimentos, dos cantinhos que passei (da Capela ao Sítio), de algumas musiquinhas, brincadeiras e festas, e de algumas situações. Tive momentos maravilhosos, e alguns não tão bons... Aqui pretendo compartilhar minhas memórias escolares com vocês, não são muitas, pois não tenho uma memória muito boa, porém, garanto que irão gostar de conhecê-las. Nessa primeira postagem, mostro o meu boletim da primeira série (o único que achei!!) recheado de notas boas..hehehe =) 

Seja bem-vindo ao meu blog!!!

32 anos de idade 

5 anos de idade

Brunno (meu esposo) e Nina Simone

Boletim da 1ª série.