Desde o maternal até o final do ensino fundamental a presença do meu pai em minha vida se resumia nas férias do meio e final de ano. Por ser militar (Marinha), sempre estava viajando ou era transferido para morar em outra cidade. Até o terceiro filho minha mãe o acompanhou nas transferências pelo país, mas a partir do quarto (eu, a primeira menina) ela resolveu se estabelecer em Natal. Desta forma, meu pai morava sozinho em outra cidade e nos visitava apenas nas férias. Essa situação acabou afetando um pouco nossa formação escolar, pois nunca meu pai estava presente na festa do dia dos pais ou em outra confraternização da escola em que o pai poderia participar. Como ele nunca podia, minha mãe sempre buscava uma alternativa para suprir nossa vontade de ter meu pai perto, como, por exemplo, fazendo fotografias que mandávamos pelo correio junto com uma cartinha.
Tenho muitas recordações das festinhas nas quais, eu e meus irmãos, entrávamos sempre com minha mãe ou algum tio que representava meu pai. Porém, em uma das festas do dia dos pais, meu pai conseguiu comparecer e fiquei muito feliz em poder entrar de mãos dadas com ele. Foi um dia muito especial e que eu não poderia esquecer!!!
Por outro lado, a ausência do meu pai foi um ponto positivo no desenvolvimento escolar, pois eu não queria adiar as férias e sempre estudava bastante para não ficar em recuperação. Além disso, como ele sempre viajava, trazia muitos presentes, mas, claro, em troca de boas notas na escola.
Hoje, rememorando minha trajetória escolar, observo o quanto os fatores externos, nossa família e história de vida influenciam o nosso desenvolvimento e amadurecimento. Penso também como o meu passado tem fortes relações com o meu presente, no qual tenho pavor em precisar morar fora de Natal, longe da minha família. Em 2014 precisei morar 1 ano em Nova Iorque, acompanhando meu esposo no seu doutorado sanduíche, e foi uma experiência bem difícil, apesar de enriquecedora. Me deparo com oportunidades incríveis de bolsas de estudo na minha área de pós-graduação, mas quando imagino que terei que me distanciar novamente acabo desistindo de tentar.. Isso me faz refletir sobre a teoria psicanalítica e suas premissas, como meu inconsciente pode estar explicando esse meu medo de ficar longe da família.
Meu pai em uma de suas viagens para a África.
Momentos de despedida antes de meu pai embarcar.
A única festa que entrei de mãos dadas com o meu pai.
Lembrança enviada para o meu pai pelo correio.
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