quarta-feira, 1 de junho de 2016

Só Freud explica..

Sigmund Freud: sonhos e desejos


          Para Sigmund Freud os desejos sempre irão encontrar formas de expressão e as manifestações psíquicas sempre irão possuir um sentido, uma intenção e um lugar na vida do sujeito. Bem como, sempre haverá uma intencionalidade inconsciente e um sentido encoberto nessas ações. Baseada em seus pressupostos, a Teoria Psicanalítica explica que a significância das coisas e fatos, as relações sociais e história de vida da pessoa, inconscientemente, vai ajudá-la a superar seus problemas e as consequências no processo educativo. Assim, Freud acredita que não é possível pensar o desenvolvimento adulto sem considerar o percurso histórico do desenvolvimento psicossexual e o funcionamento psíquico inconsciente. 

          Em minha lembranças, noto que muitos amigos da escola tinham dificuldades de aprendizagem ou de interação social, mas, hoje as vejo como algum bloqueio psicológico. Lembro também que os professores não sabiam ou não queriam lidar com essa situação, pois os alunos não tinham espaço para o diálogo ou talvez não havia confiança entre eles. Como consequência, esses alunos "diferentes" (pois eles se sentiam assim) formavam um grupo, se mantendo distante dos demais alunos. No meu caso, o bullying e as suas consequências, proporcionaram uma maior relação afetiva com os professores. Percebo que a significância que eu dei ao preconceito e a afetividade com os professores me fizeram superar o bullying de forma rápida e confiante. Esse fato reforça a ideia proposta na Teoria Psicanalítica de que as relações entre os professores e alunos não deve ser neutra, a subjetividade deve ser levada em consideração. Além disso, a relação de dependência existente entre crianças e adultos geralmente se expande para o ambiente escolar, tornando necessária uma relação mais forte entre professor e aluno. Minhas relações com os professores proporcionava uma maior participação em sala de aula, seja na execução das atividades, na pontualidade ou na ajuda ao professor, bem como, na vontade de ir para escola.  

          Por outro lado, algumas práticas escolares também podem mobilizar o desejo da criança pelo saber. Na minha trajetória escolar, uma das atividades escolares que mais me mobilizava era a feira de ciências, pois era o momento diferente, com pesquisa participativa e integração com outros alunos e professores. Outras atividades que buscavam ações interdisciplinares também me motivavam. 

         
Feira de Ciências: as sem-terra no projeto com a comunidade das Rocas e as escolas de samba de Natal.


 Pensando em interdisciplinaridade, lembro de Edgar Morin. Em seu livro, Cabeça bem-feita, Morin traz ideias para solucionar alguns problemas que impedem a reforma do pensamento no ensino e educação. Além disso, ele faz uma crítica ao processo de formação, afirmando que cada pessoa tem seu próprio processo e que esse vai além dos conteúdos. Uma outra abordagem trabalhada por Morin trata do desafio da complexidade: precisamos contextualizar os saberes e integrá-los em conjunto na resolução dos problemas atuais (transversais, multidisciplinares e globais).  Desta forma, ele propõe uma Educação para a vida, para além dos conteúdos e de uma formação para o trabalho. E para alcançarmos essa reforma do ensino, precisamos de mais interação entre os saberes, através da multidisciplinaridade, pluridisciplinaridade, interdisciplinaridade e transdisciplinaridade no ambiente escolar e na prática pedagógica.  

"A reforma do ensino deve levar à reforma do pensamento, e a reforma o pensamento deve levar à reforma do ensino." (Edgar Morin)



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