quarta-feira, 1 de junho de 2016

Por que escolhi ser pedagoga?


          Reflexões sobre educação sempre estiveram presentes em minha vida, com algumas pedagogas na família o assunto sempre estava em discussão nos encontros familiares. Além disso, tinha uma paixão por uma professora da escola, Tia Nireire, ela me ajudou a enfrentar o bullying e usava uns carimbos que eu adorava. Esse amor me inspirava a sempre brincar de professora com meus primos ou com as bonecas, até quadro negro meu pai comprou para brincarmos e a borracha pintada com caneta era o meu carimbo. No entanto, minha vontade de ensinar não perpassava as brincadeiras com os primos. 
          Com a 1ª aprovação no vestibular, iniciei o curso de Gestão Ambiental no CEFET em 2002, no ano seguinte ingressei na UFRN no curso de Ecologia, até então, continue me aperfeiçoando na área ambiental. Nesse tempo, mais pedagogas eram formadas na família, inclusive minha irmã, mas a necessidade de conquistar uma estabilidade me fez continuar buscando o crescimento na área que havia iniciado os estudos acadêmicos. Porém, a Educação Ambiental (EA) foi a área que escolhi para atuar durante minhas experiências nas duas graduações. 
          No mestrado comecei a trabalhar na área de Ecologia Humana, ela não tem relação com a EA mas consegue aproximar a pesquisa com o ser humano, e essa relação do homem com a natureza me encanta. Em 2012, após o mestrado tive a oportunidade de ministrar aulas no PRONATEC, foi uma experiência maravilhosa. Já no doutorado, assim como no mestrado, também experimentei a docência na UFRN. Nesse caminho de aprendizagem e experiências educacionais, resolvi fazer o ENEM e buscar a concretização de um sonho: a formação em Pedagogia. Fui muito criticada, todos sabem das dificuldades enfrentadas pelos educadores no país, mas não dei ouvidos, fui a luta e entrei no curso. Aos trancos e barrancos irei concluir meu doutorado e minha nova graduação, e estou determinada e disposta para concluir com sucesso. 
         Confesso que estou encantada com o curso e tem sido tudo maravilhoso, tenho aprendido bastante e conseguido ressignificar diversas memórias escolares. Essa experiência interdisciplinar proposta no 1º semestre tem sido muito enriquecedora e esclarecedora, pois consigo enxergar os verdadeiros significados das práticas educacionais e ter a certeza que tomei a decisão correta. Num futuro próximo, espero concluir o curso com muitas conquistas e conseguir exercer a profissão de pedagoga com muita responsabilidade.


Tia Nireide, ainda atuando como professora no Auxiliadora.

Como eu brincava de professora com as bonecas..

Turma do curso Técnico em Agroindústria, meus alunos durante o ano de 2012.


A presença das teorias interacionistas na minha formação...

       
Lev Vigotsky, Jean Piaget e Henri Wallon, três grandes cientistas da Educação.

          A ilustração acima representa os diferentes olhares para a sala de aula segundo os teóricos da Psicogenética. Diferente dos educadores que se baseiam, exclusivamente, no conhecimento inato ou no conhecimento adquirido, os três teóricos acima utilizavam a interação desses conhecimentos para pesquisar o desenvolvimento cognitivo e o aprendizado das crianças. Eles acreditam que tudo que nos rodeia, tanto o natural quanto o social, associado às nossas experiências e interações, e com a ajuda do professor mediador, proporcionam a aprendizagem e o desenvolvimento. 

       Para Piaget, o conflito cognitivo, ou seja, a reconfiguração dos pensamento, torna-se fundamental. Ele acredita que o professor deve gerar a guerra dos pensamentos, pois a partir do erro a criança pode avançar, porém, faz-se necessário o fornecimento do elemento novo. Assim, ao atingir a equilibração o sujeito consegue viver em equilíbrio cognitivo com o mundo ao redor. No entanto, para que isso aconteça, o professor deve ouvir o aluno em sala de aula, permitindo interrupções durante as explicações do conteúdo e compreendendo que os alunos também detêm conhecimento para ser compartilhado. Isto é, a existência do diálogo é fundamental para a aprendizagem! Como os professores podem atingir esse objetivo? Através do Construtivismo os educadores podem alcançar as interações desejadas para uma boa aprendizagem. Como, por exemplo, planejando aulas de campo, experiências dentro e fora da sala de aula, passeios, dentre outros. No Auxiliadora, essas atividades foram bastante presentes durante o ensino infantil e no começo do fundamental. Tenho lembranças da experiência com o pezinho de feijão e das idas ao sítio para realizarmos atividades lúdicas sobre o meio ambiente. Porém, interações mais próximas entre professor e aluno, pautadas na motivação para aprender, não eram frequentes no ensino fundamental.

Atividades presentes durante o meu ensino infantil: aula prática na natureza e experiência com feijão.

                   


          O texto de Bogdan e Biklen (1994), utilizado na disciplina de Seminários de Pesquisa I, ressalta a importância da investigação no dia-a-dia dos profissionais de educação, os autores acreditam que estes podem ser mais eficazes se utilizarem a investigação qualitativa no trabalho escolar. Através de uma abordagem qualitativa, os alunos participam ativamente da construção do mundo real e da sua realidade, podendo promover modificações no seu comportamento e no dos outros. As considerações acima vão ao encontro das premissas construtivistas propostas por Piaget, as quais evidenciam as vivências para se atingir o sucesso no processo de aprendizagem. 
       Levando em consideração os pensamentos de Lev Vygotsky, o ser humano não nasce humano, ele se torna humano através dos elementos da cultura no qual está inserido. Como visto nas aulas de Antropologia, o homem, através de ações modificadoras no meio em que vive, cria, racionalmente, todos os instrumentos necessários (gestos, símbolos, etc.) para estabelecer as relações sociais. Para Vygotsky, através desses instrumentos, agindo internamente e externamente, a aprendizagem se processa nessa interação do homem com o mundo. Nesse contexto, ele afirma que aprendemos primeiro com o outro para podermos fazer sozinhos o que aprendemos, esse pensamento deu origem ao conceito de Zona de Desenvolvimento Proximal (ZDP). A ZDP está entre o que a criança já aprendeu, sozinha ou com a colaboração de outros, e aquilo que ainda não aprendeu, mas está próximo de ser aprendido; é a zona na qual o professor deve agir para proporcionar a aprendizagem do aluno. Na escola, as ideias de Vygotsky só poderão ser alcançadas através do diálogo e troca de experiências entre professores e alunos.  Lembro que essas interações foram mais frequentes no ensino infantil, no fundamental os professores adotavam uma postura muito tradicional e baseada na teoria Comportamentalista. Essa postura focada no ensino bancário acabou moldando o comportamento dos alunos que agiam de forma recatada e passiva em sala de aula.

       Pensando nas premissas da teoria de Henri Wallon, as quais consideram, além do cérebro, o corpo e a emoção da criança (a criança completa), me recordo de algumas lembranças positivas da escola. Na minha trajetória escolar, especificamente na educação infantil, era comum as atividades interativas que exploravam o movimento (físico e intelectual) dos alunos. Sempre tinha diversas atividades grupais e interativas explorando ambientes diferentes da escola, como: aula de música e de dança, brincadeiras em grupo, peças de teatro, etc. Acredito que essa postura proporcionou o desenvolvimento satisfatório para muitas crianças da minha época escolar, espero que atualmente ainda sejam adotadas na escola.

       Por fim, considerando todas as teorias da educação aprendidas até agora, percebo que a ideia de escola que existia em minha cabeça era um pouco diferente. Pensando como uma futura pedagoga, observo o mundo que existe por trás das teorias e do cotidiano escolar, e acredito que precisamos aprender a lidar com a diversidade de alunos, com pensamentos e interpretações de mundo diferentes. O processo de escolarização de uma criança deve englobar o respeito e a convivência com as diversas formas de pensar, precisamos transmitir um conjunto de valores sociais essenciais e inerente à realidade dos diversos grupos sociais. Aqui, deixo o conselho para refletirmos sobre nossa postura como futuros educadores e nossas práticas educativas no processo de formação de estudantes.

Será que essa seria a única forma?!?






A vida escolar de uma filha de militar

          Desde o maternal até o final do ensino fundamental a presença do meu pai em minha vida se resumia nas férias do meio e final de ano. Por ser militar (Marinha), sempre estava viajando ou era transferido para morar em outra cidade. Até o terceiro filho minha mãe o acompanhou nas transferências pelo país, mas a partir do quarto (eu, a primeira menina) ela resolveu se estabelecer em Natal. Desta forma, meu pai morava sozinho em outra cidade e nos visitava apenas nas férias. Essa situação acabou afetando um pouco nossa formação escolar, pois nunca meu pai estava presente na festa do dia dos pais ou em outra confraternização da escola em que o pai poderia participar. Como ele nunca podia, minha mãe sempre buscava uma alternativa para suprir nossa vontade de ter meu pai perto, como, por exemplo, fazendo fotografias que mandávamos pelo correio junto com uma cartinha.
Tenho muitas recordações das festinhas nas quais, eu e meus irmãos, entrávamos sempre com minha mãe ou algum tio que representava meu pai. Porém, em uma das festas do dia dos pais, meu pai conseguiu comparecer e fiquei muito feliz em poder entrar de mãos dadas com ele. Foi um dia muito especial e que eu não poderia esquecer!!! 

        Por outro lado, a ausência do meu pai foi um ponto positivo no desenvolvimento escolar, pois eu não queria adiar as férias e sempre estudava bastante para não ficar em recuperação. Além disso, como ele sempre viajava, trazia muitos presentes, mas, claro, em troca de boas notas na escola. 

         Hoje, rememorando minha trajetória escolar, observo o quanto os fatores externos, nossa família e história de vida influenciam o nosso desenvolvimento e amadurecimento. Penso também como o meu passado tem fortes relações com o meu presente, no qual tenho pavor em precisar morar fora de Natal, longe da minha família. Em 2014 precisei morar 1 ano em Nova Iorque, acompanhando meu esposo no seu doutorado sanduíche, e foi uma experiência bem difícil, apesar de enriquecedora. Me deparo com oportunidades incríveis de bolsas de estudo na minha área de pós-graduação, mas quando imagino que terei que me distanciar novamente acabo desistindo de tentar.. Isso me faz refletir sobre a teoria psicanalítica e suas premissas, como meu inconsciente pode estar explicando esse meu medo de ficar longe da família. 

Meu pai em uma de suas viagens para a África.

Momentos de despedida antes de meu pai embarcar.


A única festa que entrei de mãos dadas com o meu pai.


Lembrança enviada para o meu pai pelo correio.


Só Freud explica..

Sigmund Freud: sonhos e desejos


          Para Sigmund Freud os desejos sempre irão encontrar formas de expressão e as manifestações psíquicas sempre irão possuir um sentido, uma intenção e um lugar na vida do sujeito. Bem como, sempre haverá uma intencionalidade inconsciente e um sentido encoberto nessas ações. Baseada em seus pressupostos, a Teoria Psicanalítica explica que a significância das coisas e fatos, as relações sociais e história de vida da pessoa, inconscientemente, vai ajudá-la a superar seus problemas e as consequências no processo educativo. Assim, Freud acredita que não é possível pensar o desenvolvimento adulto sem considerar o percurso histórico do desenvolvimento psicossexual e o funcionamento psíquico inconsciente. 

          Em minha lembranças, noto que muitos amigos da escola tinham dificuldades de aprendizagem ou de interação social, mas, hoje as vejo como algum bloqueio psicológico. Lembro também que os professores não sabiam ou não queriam lidar com essa situação, pois os alunos não tinham espaço para o diálogo ou talvez não havia confiança entre eles. Como consequência, esses alunos "diferentes" (pois eles se sentiam assim) formavam um grupo, se mantendo distante dos demais alunos. No meu caso, o bullying e as suas consequências, proporcionaram uma maior relação afetiva com os professores. Percebo que a significância que eu dei ao preconceito e a afetividade com os professores me fizeram superar o bullying de forma rápida e confiante. Esse fato reforça a ideia proposta na Teoria Psicanalítica de que as relações entre os professores e alunos não deve ser neutra, a subjetividade deve ser levada em consideração. Além disso, a relação de dependência existente entre crianças e adultos geralmente se expande para o ambiente escolar, tornando necessária uma relação mais forte entre professor e aluno. Minhas relações com os professores proporcionava uma maior participação em sala de aula, seja na execução das atividades, na pontualidade ou na ajuda ao professor, bem como, na vontade de ir para escola.  

          Por outro lado, algumas práticas escolares também podem mobilizar o desejo da criança pelo saber. Na minha trajetória escolar, uma das atividades escolares que mais me mobilizava era a feira de ciências, pois era o momento diferente, com pesquisa participativa e integração com outros alunos e professores. Outras atividades que buscavam ações interdisciplinares também me motivavam. 

         
Feira de Ciências: as sem-terra no projeto com a comunidade das Rocas e as escolas de samba de Natal.


 Pensando em interdisciplinaridade, lembro de Edgar Morin. Em seu livro, Cabeça bem-feita, Morin traz ideias para solucionar alguns problemas que impedem a reforma do pensamento no ensino e educação. Além disso, ele faz uma crítica ao processo de formação, afirmando que cada pessoa tem seu próprio processo e que esse vai além dos conteúdos. Uma outra abordagem trabalhada por Morin trata do desafio da complexidade: precisamos contextualizar os saberes e integrá-los em conjunto na resolução dos problemas atuais (transversais, multidisciplinares e globais).  Desta forma, ele propõe uma Educação para a vida, para além dos conteúdos e de uma formação para o trabalho. E para alcançarmos essa reforma do ensino, precisamos de mais interação entre os saberes, através da multidisciplinaridade, pluridisciplinaridade, interdisciplinaridade e transdisciplinaridade no ambiente escolar e na prática pedagógica.  

"A reforma do ensino deve levar à reforma do pensamento, e a reforma o pensamento deve levar à reforma do ensino." (Edgar Morin)



Turma D, de danados..

Na instituição em que estudei durante toda minha vida escolar aconteciam diversas práticas excludentes, mas na época eu não as enxergava desta forma. Por se tratar de uma escola religiosa, as regras e princípios adotados eram bem rígidos. Durante o ensino fundamental lembro que as turmas eram formadas com base nos rendimentos dos alunos e nas características comportamentais. Tenho lembranças da turma D, onde estavam os meninos e meninas mais “danados” que sempre aprontavam na escola, seja por ter brigado com outros alunos, namorar escondido, faltar a hora da missa semanal ou xingar as freiras no corredor. A criação de estereótipos pelos professores era bem comum, existiam vários “alunos problema” ou “alunos desinteressado”, esses nunca conseguiam concluir o ano pois eram expulsos da escola.

Hoje, após aquisição dos conhecimentos de algumas teorias da psicologia da educação, percebo como os professores da minha escola se ausentavam da responsabilidade no processo de escolarização e humanização desses alunos. Lembro claramente da forma como os melhores alunos eram tratados, como as professoras elogiavam alguns alunos na frente dos pais. No entanto, sabemos que as diferenças existentes entre as pessoas devem ser levadas em consideração. A abordagem Inatista aborda a genética como explicação das pessoas serem diferentes, afirmando que as características humanas são inatas e cada um tende a aprender de forma diferenciada. A carga de conhecimento não irá interferir na inteligência da pessoa, apenas o potencial trazido nos genes. Desta forma, o meio externo (escola, família, professores, etc.) pode ajudar ou não na aprendizagem dessa criança.
Por outro lado, levando em consideração as teorias psicogenéticas, aprendemos que tanto a carga genética quanto as experiências que vivenciamos podem interagir para moldar nosso processo de aprendizagem e amadurecimento. Uma vez que o sujeito se constitui a partir do que ele tem e o que está fora dele, sempre com a mediação do educador  ou outra referência formativa. 

Minha experiência na turma D, a melhor turma da escola.


Todos são diferentes!!


terça-feira, 31 de maio de 2016

Ensino Fundamental e Tradicional

            Apesar de ser uma escola religiosa e com práticas de ensino tradicionais, tenho recordações de algumas atividades interdisciplinares executadas no ensino fundamental. Como por exemplo, as aulas de campo e a feira de ciências integrada com diversas disciplinas e com a comunidade. No entanto, majoritariamente, as premissas da teoria comportamentalista, baseada no ensino tradicional, moldavam o processo de ensino-aprendizagem, nas quais os alunos apenas recebiam as informações jogadas pelo professor e as decorava para fazer a prova. Lembro que em todas as salas de aula, a partir do ensino fundamental, existia uma parte na frente da sala superior a área onde ficavam as carteiras dos alunos, destacando o professor como o “dono” da sala de aula.

            A questão da autoridade e imposição de medo nos alunos também era perceptível dentro e fora da sala de aula. A foto abaixo expressa uma recordação negativa relacionada ao autoritarismo do professor, na qual eu estava chateada e chorando porque meu parceiro na quadrilha do São João tinha acabado de me chamar de feia e eu não queria mais participar da apresentação. No momento da foto eu tinha pedido a professora para chamar meus pais, mas ela disse que não ia chamar e eu tinha que participar da dança. Desde esse dia não quis mais participar das apresentações da escola, mesmo gostando sempre de participar (ver fotos de outras apresentações da escola das quais tenho várias lembranças boas).

Diante do exposto, noto o quanto as práticas associadas ao ensino tradicional podem trazer consequências no processo de escolarização dos estudantes e no desenvolvimento de um ser pensante e crítico. A postura vertical e hierarquizada, característica da educação diretiva, classifica o aluno como incapaz de buscar conhecimentos. O condicionamento operante acaba moldando o aluno, através da forma alienada de aprendizagem, com implicações negativas no seu processo de formação. Além disso, muitas práticas escolares utilizam recompensas e punições no processo educativo que não devem acontecer. 

#Chateadacomaprofessora


#Monaestavaemtodas
                                     
                                                          

         





“Tia, eu não vou fazer o trabalho com GordaLisa.”

         Durante alguns anos do meu ensino fundamental sofri muito bullying, mas sempre recebi o apoio dos professores, nutrindo relações permeadas pela afetividade. Os garotos da minha turma me chamavam de baleia assassina, gorda, Gordalisa (em vez de Monalisa), saco de batata, etc., e muitas vezes não queriam fazer nenhuma atividade comigo. No entanto, apesar da pressão psicológica, conseguia superar tais ações contra mim. Por trás dessa superação existiam atitudes positivas e estímulos de alguns professores e familiares, os quais me faziam enxergar que eu não era uma criança diferente ou menos inteligente do que as outras. Nesse contexto, eu sempre mantive relações de afetividade bastante intensas com meus professores, em especial, com a tia Nireide, um exemplo de educadora e companheira, que me ajudou nessa luta contra o bullying e marcou minha memória com boas práticas.

Desta forma, levando em consideração a teoria Humanista, consigo enxergar a importância da relação do professor com o aluno, uma relação pessoa x pessoa, na qual o professor tenta se colocar no lugar do aluno. Meus professores agiram corretamente ao criarem essa relação afetiva comigo. No entanto, esse princípio não deve ser o único adotado no processo de ensino e aprendizagem. Os alunos não devem fazer apenas o que querem e os professores não devem apenas aceita-los como são, deve ocorrer um estímulo e oportunidades para torna-los pessoas melhores, independentes e autônomas. Acredito que essas relações, tanto com o oprimido quanto com o opressor, ajudam na busca por um caminho do bem, na busca por um ser humano melhor do que já somos.   

 Após a ressignificação dessa memória, e olhando de forma dialética para o problema, percebi que o bullying sofrido na escola ajudou a fortalecer a relação professor X aluno na minha vida escolar. As relações afetivas com os professores proporcionaram uma adaptação positiva diante do problema e intensificaram o meu desejo em participar ativamente das atividades em sala de aula.

Alguns colegas e minha professora preferida (tia Nireide) em alguma apresentação da escola.  

                           Fotos da época em que eu sofri bastante bullying por ser gordinha (e porque minha mãe cortava meu cabelo igual ao de Chitãozinho e Chororó).


O ambiente escolar

          A escola não se resume em sala de aula, amigos e professores, existe um universo de interações sociais, brincadeiras e outros fatores que preenchem nossas memórias escolares. Quem aqui não tinha mania de colecionar algo?? Eu era a maníaca dos adesivos e papéis da carta, não podia ver ninguém vendendo que deixava de lanchar para alimentar meus vícios. Confesso que o vício nos adesivos permaneceu até a graduação, na verdade, acho que só mudou de nome, agora coleciono post it =)

           E as brincadeiras??? A minha preferida era pular elástico, quando o sinal tocava eu e minhas amigas corriam para lateral da Capela, pois o piso lá era bem lisinho e limpinho, assim podíamos ficar só com as meias nos pés. Nossa, a gente pulava muuuuito, antes de começar a aula, no intervalo e após as aulas. Além do elástico, lembro que minhas brincadeiras preferidas eram: amarelinha, pular corda, tica cola, queimada, adedonha (ou stop) e esconde-esconde. E não pensem que parava quando chegava em casa, depois da tarefa eu e meus irmãos ficávamos na rua brincando com os amigos vizinhos. Era muito bom morar em vila!!

        Tenho algumas memórias das músicas que ouvia na escola, mas a maioria eu só consegui lembrar apenas trechos.. As únicas músicas completas que lembro faziam parte do repertório cantado nos jogos escolares (JERN´s) e da hora do repouso após o recreio (educação infantil). Vamos lá, espero que vocês conhecem alguma dessas:

             "Cai chuvinha neste chão, cai chuvinha pra molhar a plantação.."

             "Meu lanchinho, meu lanchinho, vou comer, vou comer, pra ficar fortinho, pra ficar fortinho, e crescer, e crescer."

           " Mãezinha do céu, eu não sei rezar, eu só sei dizer, que eu quero te amar, azul é seu manto, branco é seu véu, mãezinha eu quero te ver lá no céu, mãezinha eu quero te ver lá no céu."

             "Comer comer, comer comer, é o melhor para poder crescer."

          "Passou, passou, passou um avião e nele tinha escrito que o SALÉ é campeão, maaaaass o avião caiu e o IMA surgiu, e o IMA vai ganhar, OBA OBA!"

            " Uma entre todas foi a escolhida, fostes tu Maria a serva preferida, mãe do teu Senhor, mãe do teu Salvador, Mariiiia, cheia de graça e consolo, venha caminhar com seu povo, nossa mãe sempre será."


          Uma boa lembrança foram as amizades com algumas pessoas que faziam parte do ambiente escolar. Como estudei toda a minha vida na mesma escola, tive a oportunidade de conviver com alguns funcionários durante toda minha formação. Lembro muito bem daqueles que permaneceram no Auxiliadora desde o maternal até o pré vestibular, como o seu Chiquinho e Tia Neuza. Ele era o moço que ficava no portão assegurando a saída de todas as crianças quando tocava o sino para irmos embora, e ela deixava nossas salas sempre limpinhas e organizadas. Tenho lembranças das inúmeras vezes que seu Chiquinho precisou ficar comigo e outros coleguinhas esperando pelos pais atrasados, sempre nos divertindo e bastante atento. Ou quando Tia Neuza me pegava no colo para eu alcançar o telefone do orelhão e ligar para minha mãe.. Sempre me ajudando!!!

          Além dos funcionários da escola, algumas pessoas que trabalhavam fora dela também estão presentes em minhas memórias escolares. Como eu poderia esquecer de seu Louro (aquele de quem roubei um pirulito!!) e dona Neném, os vendedores de bala e todas as baganas desejadas por todas as crianças na infância. Todo dia eu comprava uma balinha ou pirulito com eles, minha mãe dizia para comprarmos um dia com seu Louro, no outro com dona Neném, para ajudarmos os dois. Nos dias de chuva eu ficava bem triste pois a rua onde eles colocavam o carrinho de balas ficava alagada impossibilitando o trabalho deles na porta da escola. O tempo passou e já no ensino fundamental, acabei deixando os pirulitos e balas de lado para comprar pastel e refrigerante em seu Miranda. Seu Miranda é um fofo, todos os alunos tinham conta com ele, a gente pagava no final da semana ou quando pudesse, sem falar no pastel delicioso que ele fazia!!!

Meus vícios: adesivos, papel de carta e post it.






Minhas brincadeiras preferidas: amarelinha, pular elástico, pular corda e queimada.








                                 O carrinho mais desejado pela criançada: o carrinho de balas!!!

Minhas baganas preferidas!!!




Família: eixo central no processo de humanização da criança

     Muitos pais acreditam que o papel da escola é, exclusivamente, educar seus filhos, sendo essa a única função dessa instituição. No entanto, sabemos que o processo de humanização de uma criança tem a influência de diversas referências formativas, como, por exemplo, igreja, comunidade, professor, escola e família. Ao meu ver o eixo central nesse processo é a família, pois através do convívio intenso e diário, da profundidade das relações vividas, das oportunidades de troca de experiências e dos exemplos dados pelos nossos familiares obtivemos uma carga de conhecimentos, moral e ética que moldam nosso processo de formação. Nesse processo contínuo de formação, as outras instituições atuam como mediadoras na disseminação dos conhecimentos e na internalização das normas sociais.

        Na minha educação básica, e até hoje, a família foi a base do meu processo de formação. Meus pais e outros familiares sempre estiveram presentes e foram decisivos para o desenvolvimento de um ser humano consciente dos seus direitos e deveres, reflexivo para com a diversidade cultural e crítico diante das situações vividas. Esses ensinamentos sempre estiverem presentes em todas as confraternizações familiares, ou até mesmo na escola, já que a maioria dos meus primos também estudavam no Auxiliadora, então muitas vezes voltava para casa com meus tios e primos. 


     Uma situação marcante foi quando eu peguei um pirulito escondido na banquinha do Seu Louro, senhor que vendia bala na porta da escola, e mostrei a minha mãe ao entrar no carro. No mesmo instante, ela parou o carro, nós descemos e ela me fez devolver o pirulito e pedir desculpas na frente de todos. Nunca esqueci essa situação e minha mãe não precisou mais fazer isso comigo, a lição havia sido aprendida.


     Diante do exposto, reforço a necessidade de esclarecer para alguns pais que a formação das crianças não é um papel exclusivo dos professores, eles precisam perceber a família como eixo central nesse processo. Eu, como futura pedagoga e tia de três meninos, já faço minhas reflexões e tento agir de forma correta com as crianças ao meu redor, acreditando que elas serão capazes de transformar o amanhã e construir um mundo melhor.


         Eu (pagando calcinha) e meus quatro irmãos (Jr, Léo, Felipe e Mila).


                        Família (eu, minhã irmã e primos) em uma das festas de São João da escola.

           Meus pais e irmãos em uma das milhares de confraternizações familiares.

Tias educadoras e babonas.

Tia Mona com seu objeto de estudo Lucas (o sobrinho mais novo, 7 meses).

Tia Mona com seu objeto de estudo Enzo (o sobrinho do meio, 3 anos).



Quem nunca teve piolho que atire o primeiro escabin!!!!

          Infelizmente, durante a 3ª série do ensino fundamental, tive uma peste de piolhos. Lembro que minha mãe sempre teve muito cuidado e, geralmente, as professoras costumavam avisar aos pais quando alguma criança estava com piolho. Porém, dessa vez não teve saída, eu e minha irmã pegamos piolho na escola. Era muuuuuuito piolho!!! Minha mãe ficou desesperada, dando início a guerra contra os piolhos e lêndeas. Todo dia ela precisava lavar nosso cabelo com um sabonete fedorento (escabin) e tirar os piolhos, sempre antes e depois da aula. 
       Mesmo com todo cuidado da minha mãe, tivemos que cortar o cabelo bem curtinho para controlar a população de piolhos que moravam na nossa cabeça. Antes que a peste fosse controlado, em um belo dia na sala de aula um coleguinha, sentado atrás de mim, viu um piolho na minha blusa e começou a gritar: 

"PIOLHO! PIOLHO! TIA, TEM PIOLHO NA BLUSA DE MONALISA." 

       Alguns alunos começaram a gargalhar, outros gritavam de nojo e eu comecei a chorar. A professora rapidamente me tirou da sala de aula e entrou em contato com minha mãe. Essa experiência foi péssima para mim. Depois disso eu não quis voltar a escola, só queria que os piolhos fossem embora da minha cabeça.. Até hoje tenho agonia quando escuto a palavra piolho, não posso ouvir falar que já começo a coçar a cabeça, inclusive cocei várias vezes enquanto relembrava e escrevia essa postagem :(





Mona e Mila (minha irmã): as piolhentas!!!

          Uma situação engraçada que tenho na memória foi quando fiz minha 1ª Eucaristia, lembro que eu e outra aluna estava com catapora e não podíamos participar da cerimônia da Eucaristia, pois devíamos evitar o contato com os outros alunos. Assim, a coordenação resolveu fazer um evento separado para as duas doentinhas. Achei fotos dessa situação e resolvi mostrar aqui no blog.






domingo, 29 de maio de 2016

Pode me chamar de Mona..

Meu nome é Monalisa, mas todos me chamam de Mona. Tenho 32 anos, sou casada e não tenho filhos, apenas a gatinha Nina. Estudo na UFRN desde 2003, sou mestre em Ecologia e estou na metade do meu doutorado. Em 2016 iniciei a graduação em Pedagogia, um curso que sempre quis fazer mas nunca tive a oportunidade. Ninguém entende o por quê de iniciar uma nova graduação na metade de um doutorado, mas como explicar uma paixão? Não se explica..  Bem, estudei toda a minha vida na mesma escola, o Instituto Maria Auxiliadora, local onde passei bons momentos, fiz algumas amizades e aprendi muita coisa. Apesar de não lembrar de toda minha trajetória escolar, tenho poucas e boas memórias de alguns acontecimentos, dos cantinhos que passei (da Capela ao Sítio), de algumas musiquinhas, brincadeiras e festas, e de algumas situações. Tive momentos maravilhosos, e alguns não tão bons... Aqui pretendo compartilhar minhas memórias escolares com vocês, não são muitas, pois não tenho uma memória muito boa, porém, garanto que irão gostar de conhecê-las. Nessa primeira postagem, mostro o meu boletim da primeira série (o único que achei!!) recheado de notas boas..hehehe =) 

Seja bem-vindo ao meu blog!!!

32 anos de idade 

5 anos de idade

Brunno (meu esposo) e Nina Simone

Boletim da 1ª série.